23/01/2013

Crise global afeta mais mulheres e meninas, segundo relatório



Em tempos de crise, aumentam os números de meninas tiradas da escola para trabalhar ou cuidar da casa | Foto: Yann/Wikimedia Commons

Da Redação

A crise econômica mundial afetou com mais força as mulheres e meninas, de acordo com um relatório divulgado pelas organizações Plan International e Overseas Develpment Institute. Segundo o levantamento, a recessão elevou a mortalidade infantil de meninas e aumentou os abusos e a fome de mulheres adultas.

Para as ONGs, esse efeito poderia eliminar os ganhos conseguidos nos últimos anos. "As melhorias ocorridas nos últimos cinco anos foram muito frágeis", disse à BBC o presidente-executivo da ONG de direitos das crianças Plan International, Nigel Chapman, um dos autores do estudo. "É chocante, porque eu não acho que as pessoas estejam realmente notando isso", lamentou.

Chapman afirmou que os problemas começam a surgir quando as meninas ainda são muito jovens. "As meninas são o grupo mais marginalizado do mundo", disse ele. O presidente-executivo afirmou que a proporção de meninas que morreram desde o início da crise global aumentou cinco vezes mais rapidamente do que a proporção da morte de meninos.

Uma pesquisa do Banco Mundial em 59 países aponta que uma queda de 1% na atividade econômica eleva a mortalidade infantil em 7,4 mortes por 1.000 meninas e 1,5 mortes por 1.000 meninos.

Segundo o relatório, o aumento da recessão faz com que cada vez mais famílias sem recursos optem por tirar meninas da escola. A conclusão do ensino primário entre crianças do sexo feminino caiu 29%, contra o índice de 22% entre meninos.

"As meninas são sugadas pelas tarefas domésticas", diz Chapman, que explicou que as jovens são tiradas da escola para realizar o trabalho da mãe, que precisa trabalhar fora para sustentar a família em tempos de crise. "E uma vez que elas parem de ir à escola, é muito difícil que elas voltem ao ritmo normal", afirma.

O aumento de casamentos de crianças foi outro fator observado pelo relatório. "Famílias atingidas pela pobreza simplesmente não conseguiam alimentar todas essas bocas, então elas tentam casá-las mais cedo", explicou Chapman.

Outras meninas eram enviadas para trabalhar, inclusive como prostitutas. Em casas de família, as mulheres e meninas comem menos para garantir que haja alimentação suficiente para o chefe da família. "Elas ficam mais fracas e menos saudáveis e entram numa espiral negativa", afirmou o presidente-executivo da ONG.

Para Chapman, muitas das dificuldades se devem a desigualdades de gênero. Programas internacionais para garantir que as mulheres e meninas recebam alimentação adequada, sejam protegidas socialmente e frequentem a escola, além de criar empregos para elas após o término dos estudos, estão entre as soluções apontadas por ele para remediar o problema.

Com informações da BBC Brasil

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