11/09/2012

Na Espanha, estudo relaciona suicídios com perseguição a homossexuais

A Federação de Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais de Madrid apresentou hoje – dia mundial do suicídio – dados de uma pesquisa feita pelo instituto que mostra altos índices de suicídio nesse meio. A pesquisa foi realizada com 653 jovens entre 12 e 25 anos que se declaravam homossexuais.

Segundo os estudos da instituição espanhola, o número de gays, lésbicas e bessexuais que cogitam suicídio é três vezes maior do que entre os heterossexuais, mas segundo o secretário geral da Federação, Jesús Generelo, esse número é sete vezes maior em outros estudos realizados na União Europeia.

Nesta mesma pesquisa os transexuais ficaram de fora por apresentar um índice muito maior de tentativa de suicídio, o que poderia distorcer os resultados.

José Luis Ferrándiz, um dos autores do trabalho, relaciona os altos números à desigualdade, falta de apoio e estigmatização dos homossexuais pela sociedade. A pesquisa mostra uma grande relação entre as perseguições – o bullying – e a ideia de suicídio.

Dos entrevistados que foram vítimas de perseguição, somente 18% pediram ajuda à família, 10% não quiseram contar mas não puderam ocultar a situação, e 72% não mencionaram nada em casa. Dos que optaram por esconder o fato, 35% o fizeram por medo das reações, 28% declararam sentir vergonha de seren perseguido e 39% disseram não achar necessário.

Generelo mostra que mais de 20% dos que responderam à enquete indicaram que a perseguição começou antes mesmo dos 12 anos, o que indica que a educação e prevenção deve iniciar cedo. Mais alarmante que isso, é o índice de 49% que garantiram sofrer ou já terem sofrido ataques diariamente. Para outros 69%, os maus tratos persistiram por mais de um ano. E 11% declararam ter sofrido agressões por parte dos próprios professores.

Uma parte do trabalho abordou uma pesquisa qualitativa com um pequeno grupo de cinco meninos e uma menina. "Três pessoas me pegaram e outros sete ou oito começaram a urinar em cima de mim. Oprofessor viu o que acontecia e foi embora" contou um dos meninos. "Desde os nove anos eu sabia que a autocensura era uma aposta para o futuro. Eu dizia para mim mesmo: a única solução é o suicídio. Deixo de sofrer e minha família também e os deixo tranquilos no meu colégio porque não terão um 'maricón'" relatou outro entrevistado.

Com informações de El País

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