29/08/2012

Na luta, sotodas lésbicas feministas, revolucionárias! [1 Anexo]

Na luta, somos todas lésbicas feministas, revolucionárias!

A Marcha Mundial das Mulheres

A MMM teve sua internacionalização em 2000, quando feministas de todo o mundo construíram uma pauta comum de combate à pobreza e a violência sexista decorrentes das desigualdades do sistema capitalista e patriarcal. Nestes últimos anos as ativistas da Marcha estiveram nas ruas, nos debates, nas diversas mobilizações: contra a pobreza e a violência, pela valorização do salário mínimo, pelo direito à terra, legalização do aborto, contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e Organização Mundial do Comércio (OMC), contra o deserto verde, contra a militarização e violência sexista, por mudanças na política econômica e reforma urbana; por um novo modelo de produção e consumo.

O lugar da mulher na sociedade de mercado
Nesse sistema, que é ao mesmo tempo machista, racista, lesbofóbico e capitalista, o lugar reservado às mulheres é tornarem-se mercadorias, objetos. A mulher vai sendo vista na sociedade como aquilo que aparece nas propagandas de cerveja: uma coisa para o consumo dos homens, cujo valor é estabelecido pela vontade deles. Na publicidade a mulher é constantemente representada assim: como um objeto de consumo, que para ter valor tem que seguir um padrão.

O feminismo pôs em debate a função social da maternidade, a divisão sexual do trabalho doméstico, a responsabilidade do poder público em garantir serviços de saúde de pré-natal e parto, creche e educação, entre outras políticas. E ao mesmo tempo, que as mulheres devem decidir se querem ou não ter filhos e o momento de tê-los; querem decidir sobre sua sexualidade; se querem ou não casar. Hoje, numa sociedade de mercado, vivemos um retrocesso: a maternidade como obrigação e condição para que uma mulher seja "completa" é um dos discursos permanentes da propaganda.

O capitalismo a serviço dos setores conservadores

Hoje no Brasil, experimentamos uma série de contradições em relação a sexualidade das mulheres. Se de um lado, nunca tivemos tanta visibilidade na sociedade, na mídia e nas manifestações, de outro, a homofobia e lesbofobia estão cada vez mais visíveis. Esta é uma realidade que percebemos com o aumento de violência contra lésbicas e gays no país, e a manutenção do conservadorismo no Congresso Nacional, através da homofóbica/lesbofóbica da bancada evangélica e católica.. As contradições também existem entre o âmbito judiciárioo e legislativo, onde houve avanços e retrocessos recentes: na mesma época em que a STF reconhece a união estável para casais homoafetivos, os setores conservadores conseguem bloquear a votação do PLC122/06, um Projeto de Lei que visa criminalizar a descriminação motivada pela orientação sexual e identidade de gênero.

Heteronormatividade, a quem serve?
Nesse cenário, a heterossexualidade obrigatória é reforçada como um dos pilares que sustenta a sociedade patriarcal e capitalista. A sexualidade continua sendo padronizada conforme os papeis 'naturais' de mulheres e homens, perseguindo e estigmatizando como "minoria" qualquer um/a que fuja desse padrão – seja por conta da sua sexualidade, sexo ou cor da pele.
Nós da Marcha Mundial das Mulheres, recusamos a redução da nossa sexualidade às fantasias e fetiches masculinos. Nossa sexualidade não se constrói em função dos homens. Não somos objetos sexuais e não precisamos de um homem para sentir prazer. A nossa sexualidade não é uma 'opção', nem uma 'preferência' e queremos vivenciá-la com autonomia! Estamos na rua para visibilizar o nosso jeito de amar e de fazer sexo.
Não aceitamos ser toleradas conforme o prazer dos homens. Lutamos pela transformação desta sociedade heteronormativa, machista e racista, na disputa pela visão da sociedade que queremos construir, na qual as relações sociais entre mulheres e homens sejam verdadeiramente iguais.

Recusamos a redução do sexo à reprodução. A família nuclear obrigatória (pai, mãe, filhos/as...) não corresponde à nossa realidade. Temos o direito de ser, ou de não ser mães e de ter acesso aos serviços públicos que nos permitem tomar essa decisão: saúde sexual, planejamento familiar, aborto seguro e gratuito.

Queremos um Estado Laico de fato!
Denunciamos a ofensiva dos setores conservadores e a imposição dos seus padrões religiosos nas nossas vidas privadas e públicas. Não somos santas, nem putas. Rejeitamos essa falsa dicotomia e o moralismo que a acompanha. Somos Mulheres Livres!

Denunciamos os xingamentos e as agressões que sofremos no espaço público, os espancamentos no espaço doméstico, o estupro corretivo, e a responsabilização das vítimas pela própria violência por elas sofridas.

Basta de lesbofobia!
Basta de violência e de ameaças de violência, utilizadas como ferramentas de controle das nossas sexualidades, vidas e corpos, e de castigo contra aquelas que não se conformam aos padrões da sociedade (de beleza, de trabalho 'adequado' para uma mulher, de amante e esposa, de maternidade obrigatória).
Marchamos pelo fim da mercantilização das mulheres e das nossas lutas. Estamos repolitizando o espaço público, as ruas, e as manifestações populares e culturais. Não aceitamos que nossas lutas sejam comercializadas, gerando lucro para o mercado.
"Sou feminista, não abro mão,
Da liberdade do meu tesão!"

Marcha Mundial das Mulheres RS
www.mmm-rs.blogspot.com
@MMMRS
Facebook: MarchamundialRS

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