12/02/2012

Para acalmar evangélicos, Dilma enquadra nova ministra

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Sáb, 11 de Fevereiro de 2012 07:17 Administradora
Fala da presidente buscou deixar claro que convicções pessoais em relação ao aborto devem se subordinar, agora, às políticas de governo


AGÊNCIA ESTADO

A presidente Dilma Rousseff aproveitou a cerimônia de posse da nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, para enquadrá-la publicamente e deixar claro o recado de que convicções pessoais devem se subordinar, agora, às políticas de governo. Foi uma forma de evitar mais polêmica e acalmar os ânimos da bancada religiosa no Congresso Nacional, que já preparou a artilharia contra Eleonora por conta de declarações sobre aborto.

"Tenho certeza, que meu governo ganha hoje uma lutadora incansável e inquebrantável pelos direitos das mulheres. Uma feminista que respeitará seus ideais, mas que vai atuar segundo as diretrizes do governo em todos os temas sobre os quais terá atribuição", discursou Dilma. A numerosa plateia, que até então era só aplausos, silenciou-se com a fala de Dilma.

Em recentes declarações, Eleonora disse que considera o aborto uma questão de saúde pública, assim como o crack e outras drogas - para ela, esse assunto não é uma questão ideológica. Antes da posse, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) convocou pelo Twitter que a bancada de evangélicos se unisse "para combater a abortista que nomearam ministra".

O aborto volta à agenda do Palácio do Planaltoapós assombrar a campanha de Dilma pela presidência da República, em 2010. Pressionada por religiosos, a então candidata chegou a assinar carta em que dizia ser pessoalmente contra o aborto, além de defender a manutenção da legislação atual sobre o assunto.

Nesta sexta, Eleonora aproveitou o discurso de posse para criticar a disseminação de "padrão sexista" em salas de aula, programas de entretenimento e serviços públicos de saúde. "Não se pode aceitar que, ainda hoje, quando temos uma mulher no mais alto cargo do executivo brasileiro, mulheres sejam vistas como meros objetos sexuais, que morram durante a gravidez, que tenham seus direitos reprodutivos e sexuais desrespeitados", afirmou.

A socióloga assume a pasta no lugar de Iriny Lopes, que retorna à Câmara dos Deputados e deve disputar a Prefeitura de Vitória (ES) em outubro. Antes dela, o petista Fernando Haddad deixou o Ministério da Educação para tocar a campanha pela Prefeitura de São Paulo.

"Eu considero que eu escolhi a Eleonora por vários motivos, mas, sobretudo, pelo conjunto da obra", disse Dilma. "Tenho absoluta certeza que a Eleonora é capaz de assegurar, dentro da diversidade que é o nosso país, que todas as situações sejam consideradas, porque, quando nós assumimos o governo, nós governamos para todos os brasileiros e brasileiras, sem distinções políticas, religiosas ou de qualquer outra ordem", prosseguiu a presidente, em outro aceno para acalmar evangélicos e católicos.

Evangélicos pedem demissão de ministra "abortista"

Na tentativa de acalmar a bancada, uma nota do ministro foi lida no plenário da Câmara. Além disso, Carvalho, católico militante, propôs uma reunião com os parlamentares evangélicos

10/02/2012 | 10:26 | AGÊNCIA ESTADO

A ministra de Eleonora Menicucci toma posse nesta sexta na Secretaria de Políticas para as Mulheres debaixo de ataques da bancada evangélica no Congresso, quase toda abrigada na base aliada. As posições públicas da ministra a favor do aborto junto com declarações do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, no Fórum Social, no final do mês passado, acenderam a revolta nos parlamentares evangélicos. Na tentativa de acalmar a bancada, uma nota do ministro foi lida no plenário da Câmara. Além disso, Carvalho, católico militante, propôs uma reunião com os parlamentares evangélicos.

De forma contundente, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) convocou os evangélicos a combaterem a nova ministra. "Não se iludam, a bancada de evangélicos se unirá não só para expressar a repulsa por essas declarações (de Gilberto Carvalho), assim como para combater a abortista que nomearam ministra", escreveu Cunha no twitter. "Essa posse da abortista amanhã (hoje) é sintomática para todos nós e devemos mostrar de forma contundente a nossa revolta. Aborto não. Aliás, quando a gente lê várias declarações dessa nova ministra, ela está no lugar e na época errada, devia estar em Sodoma e Gomorra", completou o deputado.

Professora e socióloga, Eleonora Menicucci declarou em entrevistas, assim que foi escolhida para o cargo pela presidente Dilma Rousseff, que considera a discussão do aborto no Brasil como uma questão de saúde pública, como o crack e outras drogas, a dengue o HIV e todas as doenças infectocontagiosas. Para ela, aborto não é uma questão ideológica.

Há dois dias, os evangélicos estão em pé de guerra com o ministro Gilberto Carvalho. "Esse governo fala tanto em discriminação, e vem agora um ministro tomar uma posição de discriminação em relação aos evangélicos, chamando-os de retrógrados e dizendo que a lei do aborto não é aprovada por causa dos evangélicos. Não é a lei do aborto, é a lei do assassinato de crianças indefesas", protestou o líder do PR, Lincoln Portela (MG). O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) também cobrou explicações do ministro e o acusou de discriminar os evangélicos.

Em nota lida pela deputada Benedita da Silva (PT-RJ), evangélica o ministro afirma que suas declarações foram, divulgadas na internet de forma "distorcida e equivocada" e acabaram por motivar críticas agressivas a ele. "De maneira alguma ataquei os companheiros evangélicos. Quem conhece a minha trajetória sabe do carinho que eu tenho, do reconhecimento que eu tenho ao trabalho das Igrejas Evangélicas no país. O que eu fiz lá foi uma constatação política que, de fato, quem tem presença na periferia do Brasil, quem fala para as classes sobretudo C, D e E são as Igrejas Evangélicas e, portanto, essa presença tem que ser reconhecida, é real e efetiva", argumentou o ministro.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) atuou como bombeiro. Ele procurou evangélicos para explicar a posição do ministro e disse que houve um mal-entendido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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