COTIDIANO
A partir deste mês, hospital irá remover útero de mulheres que se
sentem homens TALITA BEDINELLI GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
Alexandre Santos nasceu Alexandra há 38 anos. Há oito, quando conheceu
a nomenclatura "transexual", decidiu mudar de nome. Ele sente-se homem
"desde que se conhece por gente". Veste-se como homem e comporta-se
como homem.
Entretanto, tem seios e menstrua, como uma mulher. "É um
constrangimento", diz. O constrangimento está com os dias contados.
Alexandre deve ser um dos primeiros pacientes operados pelo hospital
Pérola Byington, que começará a realizar gratuitamente, neste mês, a
remoção de útero em mulheres que se sentem homens.
Em breve, de acordo com o governo do Estado, ele também terá a opção
de remover as mamas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), em um hospital
que ainda está em definição. Para passar pela cirurgia, os pacientes
devem ter tido pelo menos dois anos de atendimento psicológico - cinco
pessoas já se encontram na espera.
Com a retirada do útero, os transexuais deixam de menstruar. Isso
também previne o aparecimento de doenças, como câncer, que podem se
desenvolver com a utilização de hormônios para modificar as
características sexuais, como o tom de voz e os pelos.
Com a retirada da mama, eles também não precisam mais usar artimanhas
para esconder os seios. "Já coloquei muita faixa apertada, mas
machucava muito porque tenho bastante seio. Minha estratégia foi
engordar, assim eu ficava mais uniforme. Sei que não é saudável",
conta Alexandre.
"Coma cirurgia, a pessoa poderá ter o tipo físico adequado à sua
escolha, com o qual se sente mais confortável", afirma Tânia das
Graças Mauadie Santana, coordenadora do ambulatório de sexologia do
Pérola Byington.
As duas cirurgias, na rede particular, podem custar em torno de R$ 12
mil e R$ 20 mil, afirma o cirurgião Jalma Jurado, especialista na
área. Os procedimentos passaram a ser permitidos pelo Conselho Federal
de Medicina em setembro. Antes, eram "experimentais" e feitos,
basicamente, em hospitais universitários, que seguiam protocolos
científicos.
Em São Paulo, as cirurgias são feitas pelo Hospital das Clínicas. "Mas
em número muito pequeno", afirma Maria Clara Gianna, coordenadora do
Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids da Secretaria de Saúde
de SP. O hospital quer realizar de duas a quatro cirurgias/mês.
Fonte: Ministério da Saúde - Boletim eletrônico
Nenhum comentário:
Postar um comentário