24/11/2010

25 de novembro Dia Latino americano e caribenho de luta CONTRA A VIOLÊNCIA À MULHER

25 de novembro
Dia Latino americano e caribenho de luta CONTRA A VIOLÊNCIA À MULHER
 
Por ocasião do Dia Latinoamericano e Caribenho de Luta contra a Violência contra a Mulher, nós, do movimento feminista, vimos a
publico para expressar a nossa indignação frente à persistência e crueldade da
violência contra a mulher e a falta de empenho e compromisso dos governos e
órgãos competentes para reverter esta situação.
 
A violência contra a mulher é a maior expressão das desigualdades vividas entre homens e mulheres na sociedade. A raiz desta
violência está no sistema capitalista e patriarcal que impõem uma necessidade de
controle, apropriação e exploração do corpo, vida e sexualidade das mulheres.
Esta violência, ao mesmo tempo em que é produto da opressão patriarcal, também
estrutura a subordinação das mulheres.
 
A violência marca o cotidiano de milhares de
mulheres que têm suas integridades físicas e psicológicas violadas, a
sexualidade controlada, receosas em espaços públicos, com sua liberdade de ir e
vir cerceada, e suas vidas profissionais limitadas,
 
Hoje, outras formas de expressão do machismo e misoginia têm se intensificado na sociedade, como a mercantilização do corpo e
vida das mulheres com a imposição de padrões estéticos e de beleza baseados na
magreza e na eterna juventude. Essa imposição reforça o consumo exacerbado e
fútil, ao mesmo tempo em que mina o amor próprio das mulheres. Há uma permanente
desqualificação àquelas que estão fora dos padrões, fato que é usado como
justificativa para violência. Cada vez mais o cotidiano de milhares de mulheres
é marcado por uma série de humilhações e agressões. Entre os exemplos recentes
que causaram indignação está o "rodeio das gordas", promovido pelos alunos da
UNESP, em que meninas que, na visão dos alunos, estavam fora dos padrões de
peso, foram "montadas" como acontecem nos rodeios.
 
Estes episódios também chamam a atenção para a forma como a violência tem um forte componente da virilidade, que a identidade
masculina cultua e valoriza desde a infância.
 
Esta violência se intensifica quando aliada ao
racismo, que tem feito das jovens, principalmente negras, as maiores vítimas do
trafico de mulheres e do aliciamento à prostituição, que alimenta o capital de
grandes empresas e máfias pelo Brasil e mundo afora.
 
Os crimes de ódio e a banalização da violência têm sido uma triste marca do último período, com a morte de Eliza Samudio
em Minas Gerais e de Mércia Nakashima,
em Guarulhos. São exemplos que se
ressaltam pelo nível da crueldade e banalização destas vidas, além do descaso,
pois elas já haviam denunciado a situação.
 
A nossa sociedade persiste no modelo da divisão sexual do trabalho que imputa às mulheres a prioridade do trabalho doméstico e
de cuidados. As mulheres estão sobrecarregadas, mas as tarefas de reprodução da vida não são valorizadas, nem reconhecidas como parte da economia. Ao mesmo
tempo em que, por esta mesma razão, as mulheres se transformam em mão de obra
barata no mercado de trabalho. Muitas, pelas responsabilidades que têm na casa e
família, são obrigadas a abrir mão do emprego, ficando sem autonomia econômica,
o que as torna mais vulneráveis frente à violência.
 
Já faz quatro décadas que o movimento feminista brasileiro vem lutando para que a violência sexista seja compreendida como um
problema político e social, fundado nas relações de poder entre homens e mulheres.

Nenhum comentário: