08/11/2011

Movimentos pedem retirada de crucifixos de sala pública

Saiu no Estadão

7-11-1011 - 18h 22
ELDER OGLIARI, CORRESPONDENTE - Agência Estado

Seis grupos ligados à defesa de direitos de homossexuais e mulheres iniciaram mobilização pela retirada de símbolos religiosos
de espaços públicos no Rio Grande do Sul, entregando petições à Câmara
de Vereadores de Porto Alegre e ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul, nesta segunda-feira.

O texto destaca que o Brasil não é um País teocrático e que a
exibição do crucifixo em salas de audiências públicas viola o direito à
liberdade religiosa e à igualdade, contradizendo o princípio
constitucional da laicidade do Estado.

O documento é assinado pela Liga Brasileira de Lésbicas, Marcha
Mundial das Mulheres, Nuances Grupo pela Livre Orientação Sexual, Rede
Feminista de Saúde, Somos Comunicação Saúde e Sexualidade e Themis
Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero.

A mobilização reacende uma polêmica já enfrentada pelo Judiciário
gaúcho em 2005. Naquele ano, provocado por um juiz, o Congresso de
Magistrados Estaduais analisou o assunto e optou pela manutenção do
crucifixo por entender que o símbolo está em consonância com a fé da
maioria da população.

Articuladora da Liga Brasileira de Lésbicas, Ana Naiara Malavolta,
diz que a iniciativa "é um questionamento que a sociedade tem que fazer" em um tempo em que há um recrudescimento de tentativas de impor uma
tutela religiosa sobre a moral coletiva.

Ela lembra que bancadas religiosas costumam obstruir discussões como a criminalização da homofobia, estudos de células-tronco e aborto no
Congresso Nacional, mas não fala em represálias. "O que estamos fazendo é uma ofensiva para assegurar direitos que um Estado laico, separado da
religião, deve garantir", justifica.

A presidente da Câmara de Vereadores, Sofia Cavedon (PT), encaminhou a solicitação para avaliação da procuradoria da casa e mostrou-se
disposta a dialogar. "Não queremos transformar essa petição numa guerra
santa contra os movimentos sociais e sim reforçar sua luta", afirmou.
Representantes do Tribunal de Justiça não retornaram as ligações da
reportagem até o fechamento desta edição.
O padre Leandro Padilha, ligado à Cúria Metropolitana de Porto
Alegre, reconhece que o Estado é laico, mas destaca que os cidadãos não
são. "Respeitar a Constituição é respeitar o cidadão", afirma. "Se o
crucifixo está em determinado lugar é porque é a manifestação de fé de
uma comunidade, que deve ser respeitada", reitera.

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,movimentos-pedem-retirada-de-crucifixos-de-sala-publica,795747,0.htm
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