31/05/2011 - 17h47
DA ANSA, EM BUENOS AIRES
Representantes de diversas religiões pediram nesta terça-feira a descriminalização do aborto na Argentina e expressaram seu apoio à Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito.
Dezenas de organizações sociais e de gênero no país, que integram a Campanha Nacional, convocaram um festival para hoje em frente ao Congresso Nacional para incentivar a aprovação do Projeto de Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez, que já foi assinado por 50 parlamentares.
Durante uma conferência conjunta no Legislativo, o pastor Lisandro Orlov, da
Igreja Evangélica Luterana Unida, manifestou que "é necessário tirar o tema
[do aborto] do Código Penal para colocá-lo na perspectiva dos Direitos Humanos, do Evangelho e dos direitos das pessoas"..
Por sua vez, a pastora Mariel Pons, da Igreja Evangélica Metodista, declarou
que "limitar a discussão à descriminalização do aborto a um leilão entre quem está a favor e contra a prática é banalizá-la: ninguém pode estar a favor da interrupção de uma vida".
No entanto, segundo ela, o problema "vai mais além desta falsa polarização:
a mulher que busca o aborto o faz com angústia e tristeza. A comunidade tem
que assumir esta realidade, não escondê-la, mas trazê-la à tona".
O rabino Daniel Goldman, da Comunidade Bet El, enfatizou que "o aborto se pratica goste ou não a vizinha, o professor, o juiz, o religioso ou o legislador". Sendo assim, questiona o rabino, "qual é o lugar do Estado, pensando que sua função é homogeneizar socialmente dando direitos e igualdade?".
A deputada federal Cecilia Merchán, uma das organizadoras do diálogo
inter-religioso, ressaltou que "para nós era importante deixar de lado um
debate falso, esse que dizem que por um lado estamos promovendo o aborto e
do outro estão as igrejas. Mostramos que não é assim".
Merchán antecipou que dezenas de artistas e músicos, parlamentares,
personalidades da cultura, intelectuais, jornalistas, dirigentes sindicais e
políticos aderiram à campanha.
"O aborto legal é um tema central a respeito dos direitos humanos e à
saudade das mulheres", disseram as organizações. "Sua criminalização e sua
ilegalidade não impedem que sejam praticados cerca de 500 mil abortos por
ano, e o fato de que não estejam garantidas condições sanitárias dignas,
seguras e gratuitas aprofunda a desigualdade e faz que morram mulheres, em geral jovens e pobres", completaram.
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FRENTE NACIONAL CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DAS MULHERES E PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO
Nenhuma mulher deve ser presa, punida, perseguida, maltratada,ou humilhada por ter feito um aborto.
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