12/06/2011

A marcha das “p...”

(10.06.11) - Por Maria Berenice Dias,

Bem assim: a letra "p" e reticências.

Esta era a forma utilizada por todos os meios de comunicação para
identificar as mulheres que, simplesmente, assumiam o livre exercício
de sua sexualidade. Seja profissionalmente, mediante remuneração; seja
pelo só fato de se vestirem de uma forma considerada inadequada,
deixando exposta alguma parte do corpo que poderia revelar que se
tratava de um corpo feminino.

Inclusive houve época que eram assim rotuladas as mulheres que saiam
do casamento por vontade própria. Nem importava a causa. Separadas e
desquitadas eram consideradas "p...". Mulheres disponíveis que
qualquer homem tinha o direito de "usar".

Claro que muitas coisas mudaram. E não há como deixar de prestar
tributo ao movimento feminista que, em um primeiro momento, gerou
tamanha reação que convenceu até as mulheres que não poderiam ser
ativistas, o que as identificaria como mulheres indesejadas. Talvez
pelo absurdo de reivindicarem as mesmas prerrogativas dos homens.

É significativo constatar que ao feminismo não se atribuía
adjetivações ligadas à prática sexual. Ou seja, as feministas eram
mulheres feias, mal-amadas, lésbicas, mas não eram chamadas de "p...".
Eram mulheres que homem nenhum quis. Por isso saiam às ruas em busca
de igualdade.

De qualquer modo, um movimento tão significativo que mudou a feição do
mundo, a ponto de se dizer que o século 20 foi o século das mulheres.

Apesar dos avanços em termos de igualdade de oportunidades no mundo
público, na esfera privada ainda é longo o caminho a ....
Lei na íntegra em:
http://www.espaçovital.com.br/noticia_ler.php?id=23944

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