31/03/2011

Em nota, CUT repudia declarações preconceituosas do deputado Bolsonaro

 
31/3/2011
 
 
A Central Única dos Trabalhadoras distribuiu nota repudiando declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) durante entrevista ao programa Custe o que Custar (CQC), da TV Bandeirantes.

CUT repudia e exige punição para crimes de Bolsonaro
Deputado afronta à Constituição e ao país ao defender racismo e homofobia

Em entrevista para o programa CQC da TV Bandeirantes o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) ao ser questionado se aprovaria o relacionamento de seu filho com uma mulher negra, afirmou que "não corria esse risco" por que eles foram "muito bem educados" e não viveram num ambiente "de promiscuidade", como "lamentavelmente era o dela" [referência à cantora Preta Gil].

O parlamentar, que afirma ter saudades da época da ditadura militar, ainda respondeu sobre a possibilidade de ter um filho gay: "isso nem passa pela minha cabeça, porque tiveram uma boa educação. Fui um pai presente, então não corro esse risco".

Com essas declarações, Jair Bolsonaro comete crime de racismo e homofobia. No Brasil, a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da Constituição Federal. Com relação à homofobia, o PL 122 que criminaliza sua prática segue em tramitação no Congresso, e encontra em Bolsonaro um dos seus grandes inimigos para aprovação.

Fiel representante da elite brasileira, Bolsonaro indigna a todos nós, que temos como objetivo combater toda e qualquer discriminação, seja na sociedade ou no mundo do trabalho. Mas, principalmente, afronta as mulheres negras, que são a maioria da população de nosso país. Duplamente discriminadas, elas sofrem a cada dia o preconceito de gênero e de raça. Desde a escravidão, as negras foram vítimas de violência física e sexual por parte dos senhores brancos, além de sofrerem violência emocional por parte das senhoras e de terem que se dedicar incessantemente ao trabalho.

A situação atual da mulher negra no Brasil revela um prolongamento da realidade vivida no período de escravidão; poucas são as mudanças, pois ela continua em último lugar na escala social e é aquela que mais carrega as desvantagens do sistema injusto e racista do país. As mulheres negras precisam lutar cotidianamente contra resquícios do pensamento escravagista, que, ainda hoje, as associam à imagem de objeto sexual; da mulata, cujo único papel é o de amante e não de cidadã, plena de direitos e igualdade social.

A Central Única dos Trabalhadores manifesta veemente seu repúdio às declarações do deputado Jair Bolsonaro, coloca-se solidária à cantora Preta Gil e conclama a militância sindical e do conjunto das organizações democráticas e populares da sociedade brasileira para manifestarem-se e atuarem firmemente para que o parlamentar seja julgado e responsabilizado pelo crime de racismo que cometeu.

Fonte: CUT nacional

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