Estamos em período eleitoral. Daqui a 15 dias, será eleita(o) a(o)
Presidenta(e) que administrará o Brasil nos próximos 04 anos. Em
momentos como esse, o que se espera é que o debate de idéias e
propostas realmente relevantes permeiem o processo eleitoral.
Para nós mulheres, lésbicas e bissexuais é relevante discutir temas
como a violência que ceifa milhares de vidas todos os anos; a falta de
moradia, que atormenta milhões de famílias brasileiras; discutir
também mecanismos para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde
(SUS) e seus princípios da universalidade, integralidade e equidade, e
de uma educação pública, gratuita e de qualidade. Enfim, discutir
temas que contribuam para a melhoria de vida da população brasileira e
que também fortaleçam a democracia em nosso País.
Porém, para surpresa e desapontamento nosso, assistimos a uma sucessão
de fatos que promovem a desqualificação do feminino e estimula a
produção e a reprodução da violência contra as mulheres. Desde o
início do processo eleitoral, uma das candidatas a Presidenta foi alvo
dos mais sórdidos ataques reveladores do sexismo, do machismo e da
misoginia que constituem a nossa sociedade. Primeiro, orquestrou-se a
tentativa de descredenciar essa candidata através do discurso
falacioso que ela era um fantoche na mão do Presidente da República,
revelando assim a dificuldade dos setores mais conservadores e
machistas em aceitar a capacidade e competência das mulheres para a
gestão pública. Depois, se descambou para o "debate" enviesado de
temas ligados aos nossos direitos sexuais e direitos reprodutivos com
o intuito de alimentar o ódio, a intolerância e o desrespeito a grupos
historicamente excluídos e socialmente inferiorizados, em especial as
mulheres e as pessoas com orientação sexual e identidade de gênero
diferentes das tradicionalmente aceitas (LGBTTI).
Para nós, ressaltamos, o mais importante não é a posição pessoal da(o)
pretendente a ocupar a Presidência da República sobre determinados
temas, mas é relevante, sim, ver a sinalização de compromissos com:
Ø ações que contribuam para o enfrentamento da discriminação e de
todas as formas de violência contra mulheres, LGBTTIs, negras(os),
pessoas com deficiência, idosas(os) e todos os demais outros grupos
socialmente inferiorizados;
Ø a construção de uma educação libertadora, que promova a
descolonização do pensamento e garanta o pluralismo, a autonomia, a
autodeterminação e a liberdade de todas as pessoas em situação de
vulnerabilidade;
Ø a defesa do Estado Laico; democrático e solidário, capaz de
promover a vida e os Direitos de toda a população, e que para além das
aparências, reconheça que todos(as) têm direito a proteção igual
contra qualquer discriminação de raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação que fere os direitos de todos seus
cidadãos, rumo a uma sociedade que respeite a diversidade e promova a
paz., reconhecendo que nenhuma pessoa ou instituição está acima da
Constituição e dos direitos individuais e coletivos.
Outubro de 2010
Liga Brasileira de Lésbicas
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