02/09/2010

Visibilidade Lésbica: o quê que eu tenho a ver com isto?

Por Deise Recoaro – Secretária de Políticas Sociais da Contraf/CUT.

O dia 29 de agosto foi escolhido pelos movimentos sociais como o Dia
Nacional da Visibilidade Lésbica, para unificar ações e eventos que
envolvem datas como o dia 19 de agosto 1983, quando ocorreu
manifestação no bar de São Paulo pela liberdade de expressão lésbica.
Mas vocês podem estar se perguntando: por quê dar visibilidade para
uma questão que é de fórum íntimo? Ou ainda se perguntar, por quê nós
sindicalistas devemos referendar esta data nos nossos materiais de
comunicação?

Ora, normalmente as pessoas heteroafetivas ou heterossexuais não tem o
menor problema em manifestar seu carinho, afeto ou cuidado com seus
respectivos ou respectivas companheiros ou companheiras. Porém, esta
mesma atitude partindo de relações homoafetivas ou homossexuais pode
desembocar numa verdadeira desgraça na vida de mulheres e homens que
amam pessoas do mesmo sexo. Um gesto de carinho pode se transformar
numa demissão, numa agressão ou até a morte de quem se atrever a ser
diferente nesta sociedade.

Ser lésbica numa sociedade onde a figura da mulher é usada como
mercadoria para atrair consumidores masculinos, numa sociedade que, em
geral, se conforma com a morte de uma mulher porque ela era "garota de
programa" de famosos, ou que qualquer descontentamento feminino é
classificado como coisa de "mal amada", é colocar em xeque as
relações de poder culturalmente estabelecidas no esquema de mando e
obediência.

Dar visibilidade é mostrar que elas existem, que elas são pessoas
dignas de direitos, que elas querem formar famílias, construir
patrimônios e usufruir proteções que relacionamentos estáveis merecem.
A categoria bancária já deu um passo decisivo para garantir esses
direitos, ao incluir na Convenção Coletiva uma cláusula de isonomia
de tratamento para casais homoafetivos. Mas não basta ter no papel se,
por exemplo, uma mulher lésbica temer fazer uso do direito sob o risco
de sofrer represália ou perseguição. Ela tem o direito de reservar-se
com relação a sua orientação sexual, é claro. Porém, o dia da
visibilidde lésbica é a oportunidade de muitas mulheres expressarem
seu amor (em que pese que isto signifique arriscarem suas próprias
vidas) para que outras tenham o direito de simplesmente existir
enquanto tal.

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