08/06/2010

Parada LGBT de São Paulo apela ao voto contra a homofobia

Tema eleitoral esteve presente em discursos, música e banners gigantes por todo o percurso
Por Cecília Figueiredo
Segunda-feira, 7 de junho de 2010

A 14ª Parada do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) de São Paulo fez festa pedindo que os homossexuais votem em candidatos que defendam o combate à homofobia. Com o tema "Vote contra a homofobia - defenda a cidadania!", o evento reuniu milhões de pessoas na tarde de ontem em vias importantes como a Avenida Paulista e a Rua da Consolação. Os organizadores deverão divulgarar a projeção de público neste terça.
No alto de um dos 17 trios elétricos que tocavam techno e dance music e exibiam balões com as cores do arco-íris, um participante chamava a atenção para o tema da Parada, com um cartaz com os dizeres "Os evangélicos somam 9% do Congresso. E nós? Vote certo. Vote contra a homofobia".
Em vários postes da Avenida Paulista, cartazes cobravam a aprovação do projeto de lei 122, de 2006, que altera o Código Penal para punir a discriminação ou preconceito em relação a orientação sexual. No início do evento, foi pedida uma vaia para políticos homofóbicos.
Em 2009, 198 homossexuais foram assassinados no país. Por esse motivo e pela luta do movimento LGBT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto criando o Dia Nacional de Combate à Homofobia, instituído no dia 17 de maio. A notícia foi dada, em primeira mão, por Mitchelle Meira, coordenadora geral de Promoção dos Direitos de LGBT da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), durante a entrega do 10º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, no Sesc Pompeia. (na foto acima, de Edu Castello/APOGLBT, Mitchelle anuncia o decreto na abertura da Parada).
O presidente da APOGLBT, Alexandre Santos, disse em seu discurso que não fosse um decreto do governo Federal, continuariam desprovidos de qualquer proteção do estado. "Portanto, os fulanos e as sicranas que não nos toleram e que acham que vamos passar mais quatro anos sem direitos, sem respeito, sendo violados em nossa cidadania, que ponham as barbas de molho. Porque não haverá lugar no Senado para esses. Nunca mais haverá lugar na nossa democracia para esse tipo de gente", reforçou.
Em nome de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, assim como todos os heterossexuais "que desejam um Brasil melhor para todos", o presidente da APOGLBT conclamou: "vamos eleger uma nova geração de políticos".
Na opinião da psicóloga Monique Ladeira, de 29 anos, e da jornalista Sandra Pereira, de 39, que vivem juntas há cinco anos no Rio de Janeiro, as leis demoram muito para ser votadas.
Sandra Pereira descartou escolher a senadora Marina Silva, do PV, para a Presidência, devido às posições da pré-candidata, evangélica, contra o casamento de homossexuais.
O discurso contra a homofobia também estava na ponta da língua de pessoas que se fantasiaram especialmente para a Parada Gay, como Tamara Tâmara, de 44 anos, enfermeiro registrado com o nome de Edmar, de 44 anos, que foi vestido de noiva. Ao lado do companheiro, Tamara frisou à reportagem de O Globo "não buscamos o casamento, buscamos o reconhecimento dos direitos homossexuais".
Os pré-candidatos ao Planalto, José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva não compareceram.
A Parada em São Paulo, que é a maior no mundo, transcorreu de forma pacífica, reunindo moradores da região, curiosos e famílias.
Salete Campari, que comandou um carro de som na avenida, prestou homenagem a Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, conferindo a ela a faixa de madrinha da 14ª Parada (foto de Eduardo Ogata em destaque). Marta participa desde a primeira Parada em SP, 1997, financiou a primeira bandeira do Arco-Íris, além de ter apresentado em 1995 o PL 1151, que instituía a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

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