19/05/2010

Professora é demitida em Minas por cartaz com beijo lésbico

Terça, 18 de maio de 2010, 14h07 Atualizada às 19h53 Professora é
demitida em Minas por cartaz com beijo lésbico

Ana Cláudia Barros

Um cartaz, com a insinuação de duas mulheres se beijando, provocou polêmica
em uma faculdade particular em Muriaé, na Zona da Mata mineira. A peça seria
usada para divulgar a 7ª Semana Acadêmica do Serviço Social, realizada pela
FAMINAS, mas foi vetada pela instituição, conforme o presidente do Movimento
Gay de Minas, Marco Trajano, que acompanha o caso.

De acordo com ele, a coordenadora do curso de Serviço Social, responsável
pela organização do evento, não aceitou a determinação da direção da
faculdade, que propôs a alteração do cartaz. A docente, segundo Trajano,
alegou que a ordem feria o código de ética da profissão, e decidiu cancelar
o encontro, cujo objetivo seria discutir movimentos sociais e excluídos.
Homofobia figurava entre os temas da pauta. A professora foi demitida.

- Ela disse que ou o cartaz iria daquele jeito ou a semana seria cancelada.
Falou, ainda, que iria comunicar aos alunos o que estava acontecendo. E foi
o que ela fez. No dia seguinte, foi demitida - conta o presidente do MGM.

Em nota de esclarecimento, divulgada hoje, a assessoria de comunicação da
FAMINAS se limitou a afirmar que as atividades culturais, de pesquisa e de
extensão fomentadas pela instituição "se pautam no respeito à diversidade,
na busca constante da diminuição das distâncias sociais." Informou, ainda,
que, diante do cancelamento, o evento será remarcado para o segundo
semestre.

Questionada sobre o caso e os motivos que levaram à demissão da coordenadora
do curso de Serviço Social, a assessoria comunicou que somente o procurador
da instituição, Eduardo Goulart, estava habilitado para falar sobre as
questões referentes à FAMINAS, e que ele estava viajando.

*Alvo da polêmica*

O cartaz recusado era, na verdade, a reprodução da capa da agenda 2010 do
Conselho Federal de Serviço Social, em que aparecem, ainda, a imagem de um
negro, um índio, um trabalhador sem-terra, um cadeirante. Para o presidente
do MGM, o caso é uma demonstração explícita de demagogia.

- A faculdade se propõe a discutir a homossexualidade numa mesa, mas não se
propõe a combater a homofobia de fato. É preconceituosa, e mais do que isso,
como todo bom preconceito hoje, ainda é covarde, porque não assume de fato a
posição que teve nos bastidores em relação a esse evento. Por outro lado,
temos um ponto positivo, que foi a posição da professora, que se mostrou
extremamente ética e, mais ainda, a posição dos alunos, tanto da psicologia
quanto do serviço social, que denunciaram a discriminação.

Trajano adianta que o Movimento Gay de Minas encampará três ações como forma
de repúdio ao episódio.

- A primeira delas é interpelar a FAMINAS, através da Lei 14.170, que é a
lei de combate à homofobia do estado de Minas Gerais. Sendo uma
personalidade jurídica, vamos questioná-la através dessa lei. A segunda vai
ser uma denúncia junto ao MEC, porque essa postura é contrária às
orientações do Plano Brasil sem Homofobia, do qual o MEC tem uma série de
ações voltadas para o combate da homofobia. A terceira será um beijaço, no
próximo dia 31, em frente à faculdade. Vamos levar um ônibus. Ainda não
sabemos se vamos alugar um pequeno trio elétrico ou um carro de som, mas
imagino umas 80 pessoas no beijaço. Já que não pode no cartaz, a gente vai
ao vivo.

Terra Magazine

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